quinta-feira, 13 de março de 2008

Eu, por Mim!

Eu... continuo tremendo diante injustiças sociais; tenho a cada dia mais certeza que uma pessoa é uma pessoa e que todo ser humano é igualmente digno; também sei que é imprescindível a gente ser verdadeiro consigo mesmo, que é a única forma de ser verdadeiro com os outros; e não odeio mais o tempo, pois com muito esforço, estou aprendendo a dominá-lo, como os índios e os místicos.

Eu... continuo escrevendo para desafogar a alma; tenho a cada dia mais certeza que, o escritor, seja ele poeta, romancista ou ensaísta, é um garimpeiro que extrai da vida o que ela traz, em seu seio, de precioso e inquietante; também sei que aquele que oprime qualquer Criatura é um bruto inexorável, que é preciso deter com uma foice ou com um fuzil no ventre (é intolerável à razão que um Ser nasça saciado de bens e que outro nasça no fundo do lixão); e sei que, se eu morrer lutando, vou morrer feliz.

Eu... continuo convicto de que o modelo econômico escolhido, para não dizer imposto para as sociedades, onde é negada a distribuição de bens e riquezas, foi concebido para atender apenas a alguns senhores do capital e da guerra; tenho a cada dia mais certeza que não podemos ser tolerantes nem coniventes com o modelo vigente (é preciso deixar fluir a indignação... buscar novos caminhos); também sei que no caso específico do Brasil, ainda há os que não dormem porque têm fome e os que não dormem com medo dos que têm fome. Somos um país onde mais da metade da população não participa das riquezas, do conhecimento, da cultura e de tudo mais que produzimos (um país de contraste que jamais conseguiu ser senhor de sua própria história, que jamais se preocupou, seriamente, em atender às necessidades mínimas da população – Bendito seja o artigo 6º da Constituição! – e, por isto mesmo, desenvolveu uma ideologia explicativa de desigualdade social como algo inerente a toda e qualquer sociedade, fruto do clima, da raça, da mestiçagem, ou mesmo dos desígnios divinos); e sei que nossa sociedade abriga uma concentração de renda, poder e propriedade que se expressam nas péssimas condições de vida da maioria do povo brasileiro que não dispõe de um mínimo necessário para o exercício pleno da cidadania.

Eu... não tenho dúvidas de que a sociedade brasileira foi construída pela violência de poucos sobre muitos, do branco sobre o negro, do senhor sobre o escravo, dos proprietários sobre os trabalhadores (não somos os únicos exemplos, é verdade); e, por fim, estou convencido de que enquanto o desenvolvimento não tiver o homem como seu objeto, este será apenas crescimento e sempre grandes parcelas da população estarão a margem (muitos foram os que tombaram, ao longo dos tempos, nesta luta cruenta contra a fome e a miséria em todos os continentes, e é por esta razão, que devemos sempre lutar!)

CLODOALDO - CORRÓ